terça-feira, 9 de junho de 2015

A música dos 35

Não percebi o tempo
Mas ouvi o trânsito lento,
As buzinas do congestionamento.

Não foi de sopetão,
Mas como invasão,
ouvi que nem tudo
Eu tinha razão.

Na verdade em quase nada.

Ouvi partidas e
Autopiedade nervosa,
E em meio a dias corridos
Tornei-me cuidadosa.

Não percebi o tempo
Mas estou a contendo,
Exceto quando ouço a água batendo
Em minha cabeça doendo.

Não sou mais a mesma,
E como que ninguém me avisa,
Que não cabe mais usar esta camisa?

Estranhei visitantes cabelos brancos
E as linhas de expressão a que vieram questionar,
Se ainda é tempo de usar all star.

De inocente a exigente
De perdida a amadurecida,
De 18 a 35 ouvi
Que minha vida está erguida.

Pensei em começo,
Ouvi aceitação,
Todo dia adormeço
Tendo uma missão.

Da mudança evidente
À alma insistente,
Que é preciso ser gente.

Gente que diz,
E que é aprendiz.

A criança que eu fui não me contou
que nasci para ser quem sou,
calçar meus próprios sapatos
e caminhar tão estupefato.
Um caminho tão grande,
Que não pretendo
Deixar vida na estante.

Ciente que o tempo
Continuará exigente,
Queria negociar,
Apenas 35 vezes mais,
Para ser suficiente.

Muito passa,
E eu, lenta
Continuo desatenta.

Porém,
se quase não vejo,
há um grande lampejo,
em forma de gritos
e apitos
quase gaguejo...

Pois ouço a música,
a minha vida,
tocando a sua música.


quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Idade

Chega uma época da vida
que certas coisas não cabem mais,
E não são roupas.

Paciência não está a venda.
Descanso não oferece em liquidação,

Pobre de mim.
Meu humor caiu em desuso,

Estou a perder-me por obsolescência,
Por não encontrar uma loja que ofereça vida em fatias.

domingo, 10 de novembro de 2013

MEIOS

Às vezes pergunto-me
o por quê de escrever coisas
sem pé nem cabeça.

Não sei,
Sempre fui apaixonada
pelos meios.

quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Meu Porto

Eu sou um porto.
Um porto de felizes paradoxos.

Eu sou um postal de mil nuances.
De tantas faces de surpresas,
Que nem sei por onde.

De onde queres que me observes,
Tenho pés encantados,
Que aconchegam as noites frias
E embelezam os dias quentes

Tenho em mim o pulso de uma cidade viril.
E um Circo, de mais artistas que plateia.

Aqui dentro,
Você encontra,
O antigo e o moderno.
O Velho e o novo.
O Uso e o desuso.
O Alto e o baixo.
O Reto e o impreciso.
Todos experimentando a
feliz harmonia da diversidade.

Em meu quintal,
Os prédios são rechonchudos e magrelos,
Edifícios são altos, mas de pavio curto.
AS ruas são largas, mas de ponto de vista tão limitados.
Ah eu sou cheia de inquilinos.

Eu sou um porto.
Um porto de partida,
E um porto de chegada.

Sou um porto de pura arte.
Arte de contraste.

Pergunta-me quem sou?
Prazer, Porto Alegre.
Inteiramente tua, se puderes aguentar,
Pois do útero ao tumulo


Serei tantas quantas eu for capaz de inventar

quarta-feira, 13 de março de 2013

NÃO ME CHAME DE GORDUCHA!



"ESTOU DE REGIME!" Nada mais do contra do que pronunciar essa frase em pleno sábado de manhã. Tudo bem, sempre fui incomum mesmo! Num súbito de loucura que faria Bridget Jones morrer de inveja, resolvi me desfazer de tudo que não me servia.

E lá se foram roupas, fotos, cartas antigas. Sinceramente, não sei como conseguimos acumular tanto lixo no armário. Há quem diga que o guarda-roupa é uma espécie de reflexo da gente. Não sei quem disse isso, mas certamente existe um fundo de razão e pude comprovar.

Tal qual um armário cheio de entulho, assim eu me via. Muitas lembranças, choramingos, entraves, medos e quilos... eu disse quilos? Era chegada a hora de eu me desfazer de mim! No auge dos 105 quilos, era preciso jogar fora 40 deles em massa e adquirir toneladas em crescimento humano. 

Muito me espanta pessoas que dizem que são o que são e não mudariam por nada. Acredito que não há limites para ser. Estar em constante mudança, faz parte do crescimento. Tudo parecia indo bem, mas todo começo é difícil, a impressão é de que se começa a delirar. E assim, os malditos duendes começaram a fazer churrasco na minha frente, os pratos de macarrão pareciam discos voadores à minha volta e os frangos dançavam cancan todas as noites para eu dormir.

Não era divertido como pensava, mas algo me fazia continuar. Aquele desejo incansável de gritar para o mundo: “Não me olhe, não me aponte e, por favor... NÃO ME CHAME DE GORDUCHA!”.

O processo é lento, doloroso, difícil. Não só para quem opta realizar o processo, mas para todos que estão em volta. Família e amigos são peças chaves. Engana-se quem pensa que a conquista vem sozinha. O esforço é conjunto, pois quando se abraça uma causa, o universo abraça junto de você, através de pessoas que o ajudam, por cumplicidade, amor e apoio. Pessoas que terão que compreender tristeza, mau humor, ou recusa de convites. É um período de desintoxicação, interior e exterior.

O objetivo que me impusera, era tão complexo que tudo haveria de mudar. Reconstruir uma filosofia de vida. Afinal, quando se chega ao fundo do poço, só existem duas opções: ou parte-se para a escalada em busca de um ponto de partida, ou deixa-se morrer pelo medo da tentativa.

Há quem sonhe em ter um carro, há quem queira um apartamento, existem aqueles que sonham com uma faculdade; Eu, particularmente, queria um novo corpo para chamar de meu. Eu queria ter e ser, pois não me sentia! Sim... eu queria ser gente, ser amada, ser importante para alguém, queria ter amigos, ter autoestima e resgatar os sonhos que deixara no modo de espera. E, nessa busca incessante de ser, eu acabei me tornando.

Hoje, eu sou o que me tornei, mas só cheguei porque várias pessoas ousaram "ser" comigo. Como diz uma escritora, eu sou hoje, tudo o que gosto: Sou minha família, sou meus amigos, sou todas as pessoas importantes. Sou café forte, sou roupa justa, sou sorriso simples, sou pequeno príncipe, sou viagens, sou halls de uva verde. Sou minha profissão, sou natureza, sou amor, sou tranquilidade, sou paciência, sou busca,  enfim...sou bem menos do que ainda posso ser. Estou feliz e realizada. Ainda há muito que trilhar, mas sei que o que hoje chamo de vontade, é um ego dotado de poder! 

Passado quatro anos daquele dia, abro espaço para risos e abraços, porque a sensação que tenho, é o que o céu é o limite.

Desafie suas possibilidades, jamais espalhe muros que lhe impeçam de ser feliz, queres alguma coisa? busque! Simples assim. Somos o resultado das nossas escolhas. Para que tudo isso aconteça, é preciso luta, afinco, perseverança, força, persistência e muito amor. Amor à vida, amor às pessoas e principalmente amor próprio! E por favor, não venha dizer justo a mim, que um sonho não é possível!

Desculpe-me, mas hoje estou feliz... Eu venci, eu consegui!

Eis, que dou por encerrado este capítulo da minha vida, já abrindo uma nova página em branco, que por hora grita: Que venham novos desafios! E por favor, NÃO ME CHAME DE GORDUCHA!


segunda-feira, 11 de março de 2013

Ah...o SUS

Enquanto isso, no corredor do SUS:

Passam-se uma, duas, três,
quatro horas e nada.
Interrompo o silêncio num arroubo
quase infantil:
- Chega vó. Vamos para o shopping,
para a confeitaria, basta dessa frescura.
Os olhares estupefatos só não eram maiores
do que minha calma.
Eu falava sério.

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Enquanto isso,
um punhal imaginário
atravessa-lhe as vísceras
(como ninguém percebe?)

sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Turvo as vista e coço a testa.
Tudo arrumadinho e 
Ajeitadinho,
Seria Origami ou a 
Natureza está em festa?

quinta-feira, 24 de maio de 2012

Cotidiano




O amanhecer preguiçoso desta terra 
onde café cheira a divindade,
a única silhueta que vejo
é de grande cidade.

Asfalto, talabarte
Arte

Relógio, correria
Fotografia

Processo, estresso
E confesso...

Nas aventuras de um dia comum...
A poesia grita!


domingo, 8 de abril de 2012

Doce infância

Acordei em uma fria manhã de páscoa dos anos 80. Éramos cinco pessoas nesta casa.
Minha mãe  escondeu minha cesta de ovos de chocolate atrás do toca-discos na sala.

Hoje, acordo com o apartamento vazio e um netbook ao lado, que sequer esconde atrás dele, minha vontade de reviver certos momentos.

Passaram-se 23 anos...
#Nostalgias de Páscoa.