quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Dreads pra que te quero

E lá estava ela, sentada na escadaria da Faculdade.
Roupa social, sapatos lustrosos, gel impecável no cabelo curtíssimo e os livros.
Fico me perguntando se isso é jeito de frequentar uma faculdade de publicidade?
Bem, essa sou eu! Ou era. sei lá.
Sei que um dia sonhei em não ser vista como a nerd do grupo, ou a estudiosa. Queria ser diferente, experimentar um novo estilo, mesmo sabendo que aparência jamais iria se sobrepôr à essência.

Eu disse jamais? Pois me enganei.
Foi uma mudança como do Alaska para o Saara.
Embora nunca tivesse essa intenção, percebo que radicalizei.
O extremo me trouxe sucesso em desconstruir a imagem anterior, muito embora soubesse que por dentro lá estavam os mesmos valores. Mas as pessoas não sabiam disso, eis então que abri a porta para uma nova experiência.

Joguei fora os sapatos, comprei suspensórios e como se não bastasse...coloquei dreads. Conheci os rótulos e os pré-julgamentos, malícias e maldades, admiradores e curiosos. Caráter foi medido por cabelo, inteligência por aparência, responsabilidade por tipo de calçado. Se em alguns momentos eu achava o máximo algumas pessoas sequer imaginar o que havia por detrás do meu estilo, por outros, me entristecia ser abordada nas ruas por gente me oferecendo droga.
E assim, por um ano e dois meses experimentei as mais variadas sensações que uma aparência pode trazer e o aprendizado que ficou me nutre a cada dia. Me senti mais alegre, acredito que combinei comigo mesma.
Alguns momentos ficarão pra sempre, como o dia em que no ônibus, uma criança me perguntou: "Tia, seu cabelo é de minhoca?". Ou em uma conversa com um hippie sobre os cabelos:
- Te cobro baratinho a manutenção e ainda fumamos um.
e eu carinhosamente respondi: - E sem o back, custa quanto?
Ele ruborizou.
Eu adorava a sensação do avesso!

Éramos EU, meu cabelo, meu estilo, meu jeito, meus livros... eram tantas numa só, em coisas completamente diferentes uma da outra, que só consegui fazer sentido para poucas pessoas, provavelmente as mesmas que terão pra sempre a minha reciprocidade.
Mas como a vida é feita de ciclos e por vezes, é preciso curvar-se às interpretações vãs de pessoas razas, foi preciso despedir-me dos queridos dreads.
Pronta para reclamar minha insatisfação, em ter que me adequar aos padrões para atingir minhas metas, quando olhei-me no espelho. Sorri! Meu novo avatar revelou o que os dreads insistiam em tentar esconder: Cheguei aos 30 anos!

Sinto-me de aniversário.
Como se tudo recomeçasse a partir de hoje. Me sinto satisfeita, pois tive a oportunidade de descobrir que não é preciso exteriorizar nada, para SER o que quer que seja.

Minha fachada a partir de amanhã? Não sei. Sou instantânea.

Sinceramente? Me sinto benvinda!

7 comentários:

Anônimo disse...

Olá Fer!!! Tudo Bem?
Tirou os dreads?? Ficou como a ultima imagem de vc aqui conosco, mas nunca deixei de crer que vc sempre seria a mesma pessoa, mesmo que pintasse o cabelo de vermelho e colocasse aquele pircing no umbigo que tanto falamos...
Adoro vc com dreads e sem eles também, a sua essencia realmente nunca vai mudar.
Beijos, Angélica!

Lívia disse...

"descobrir que não é preciso exteriorizar nada, para SER o que quer que seja".
- acho que entendeste bem o meu recado.. foi exatamente isso que quis dizer o dia em que falei sobre os dreads :)

mas, enfim...
tu faz sentido. com dreads, ou sem.
com cara de 30 ou não..
P ou A.
hahaha :*

Débora disse...

Então anjinho com dreads ou sem, com sapatos lustrosos ou suspensorios... seja como for, jamas perderás essa essencia que te torna especial pra mim e pra todos os que te querem bem, serás sempre esperada com suas 1.000caras e amada como sempre bjim.

Fer disse...

Angélica...pois é, o tal piercing no umbigo né? ainda vou escrever sobre ele! saudades

Fer disse...

Lívia: Sim lembro-me bem das suas palavras...
Tu tb faz sentido e é uma das pessoas as quais a crônica fala!
*.*

Fer disse...

Débora:Brigada amada! Eu gosto demais que vc leia minhas coisas...
saudades

Unknown disse...

A D O R E I