quinta-feira, 28 de julho de 2011

Uma psicóloga


"Não, eu não tenho certeza."
Dizia com pureza cristalina no olhar.
Com serenidade de Pequeno Príncipe,
no fundo eu entendia aquela mulher.

Gosto de gente feito bicho esquisito,
que busca porquês de mais tarde.
E quem sabe o que vem depois?
Ela não sabe, mas sente.

Mulher, na eterna idade dos porquês,
atribui à psicologia o que lhe têm 
de sobra. Astuta, pois sabe dar
à área o que a si pertence
de gigantesco.

Dentro dos seus "quem sabe",
a história nunca se inicia com um 
"era uma vez", mas bem sabe
que pode terminar com um
"felizes para sempre". 

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Aprendiz


Sentimentos na vitrine
é premissa de demasia.

De tantas liquidações que
vi por aí, estudei para ser
aprendiz de vidraceiro.

Quase



Ela não é a única,
mas estava a vontade para ser.

De nada a coisa qualquer,
disfarce de preguiça
para acalentar 
seu estado de quase.

Paixão



Esperança em talha barro
A mercê da vontade
do "bebinte". 

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Foco



O olhar focado
é conhecedor esperto,
que declara aberto
o caminho das entrelinhas.

terça-feira, 19 de julho de 2011

Beabá


Reciprocidade é uma espécie de
 sentimento que foi letrado.

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Esconda-me

Faça a lua de palpite
Ou esconda-me de novo,
Ainda hoje.

Caso se recuse,
Culpe o sol, por arder demais
Ou o sentimento pelo equívoco.

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Uma noite


Noite feito bofetada.
Cinzeiro cheio, copo vazio
Esboço de embaraço.

Das entrelinhas à angústia,
Um olhar de estátua cinza
Esquecida ante o espaço.
Embriaguez oportuna
Fez-se remédio de
Dor eminente.
Diante daquilo que deixou
Um pequeno amasso.

Na alma e no carro.

domingo, 10 de julho de 2011

Tempo e Moda


Foi-se o tempo que saudade era sinal de fraqueza,
que chorar curava males,
e perfeição era beleza.

Passou a moda em que dignidade era comum,
Falta de caráter absurdo,
E esperança valia algum.

Foi-se o tempo que silêncio expressava dor,
palavras conteúdo
e beijo amor.

Passou a moda que dias cinzas eram feios,
concordar era chique,
e verdade dita sem rodeios.

A moda tem tempo,
O valor vira trapo
E o homem envelhece
esquecendo
que um dia,
ele perece.

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Rosa dos Ventos



Ampulheta a céu aberto
Natureza em verso
Horizonte pálido.

E o meu norte,
Eu entrego à sorte.

Entranhas estranhas
Geografia em poesia,
Halo de vida esquisita.

E meu oeste
Sigo como teste.

Fendas profundas
Caminhos rasos
Marcas de tempo.

E o meu centro,
Faço prosa de vento.

Vibrares de asas,
Alquimia de chuva
Boêmios de inverno.

E o meu leste
Faz-se cafajeste.

Estradas de quases
Momentos fugazes
Aventura incomum

E o meu sul
Faz-se distante azul

No fim eu descubro,
Entre corpo de mormaço
E desenho de cansaço,
Que meu ser é bordado de rosa;

Desambientada
Desorientada
....Rosa dos ventos

domingo, 3 de julho de 2011

MINI CONTO





Pensamento é um príncipe encantado
Montado no cavalo devaneio,
Para libertar a princesa mordaça.

sábado, 2 de julho de 2011

Trem desgovernado

Na mala levo intenções urgentes,
De calçada em calçada vou de partida e de chegada.

Não sei para o que vim, sei que estou.
Eu sou vida, eu sou morte.

Quero sempre os extremos:
Do frio ao calor
Do espetáculo ao horror

Da poeira do caminho desconhecido
À satisfação do limite nunca alcançado

Eu sou liberdade,
Me perco, me encontro e
Não me contento.

Com sentido feito bússola,
Desafio o horizonte e
Procuro esgotamento.

Jamais vou dizer que não posso respirar.
Sou a vida que vivo,
E estou muito aquém de onde ainda posso chegar