segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Porções, fragmentos e avessos no mundo de Oz...


Enquanto isso no mundo de OZ...

"Milhões de pessoas que sonham com a imortalidade não sabem o que fazer numa tarde chuvosa de domingo". Pensava nesta frase e sorria, enquanto descobria os detalhes de uma árvore completamente cabeluda de tantos fiapos soltos. Embora não estivesse chovendo, era um típico dia como este, por volta das 13h.
- Olha isso aqui! Exclamou, tirando-me dos devaneios poéticos, querendo mostrar uma banheira do século XIX no alto de uma mini torre.
Estávamos em um museu ao ar livre. Ela fotografava, de frente, de lado, de costas e até de cabeça para baixo se assim o ângulo fosse favorável à sua arte.
Voltando ao meu mundo de pequeno príncipe, já fui logo dizendo: "se fosse um escravo dessa Baronesa...” Antes de terminar meu raciocínio me interrompeu:
"Eu seria a Lady!"
Uma Lady bem às avessas eu diria, que minutos depois, estaria sentada no chão, batendo papo com um casal de hippies. Esta é a Lívia.
Com a mesma classe e educação que freqüenta festas chiques, também pede isqueiro emprestado na porta do pronto socorro a uma noiva, às 5 da manhã.
Loas e bajulações são desnecessárias neste contexto. Tampouco obra feita, facilmente decifrável, pois tudo é muito forte. Ela se joga.
"Eu me jogo fora". (Sim, ela é atrevida e me contraria até no texto)
Fora? Só se for fora dos caminhos onde os outros conheçam. Conectada pela intensidade, move-se livremente para onde quiser, a fim de respirar profundamente e sentir as doses de loucura. Ela não precisa de contexto, é um texto livre, aberta a mudar a qualquer instante, em que achar que deva, esteja a fim e que faça sentido para si. Perfeito rascunho de pássaro.
Bem ao longe, o homem de lata escuta minha explicação. O amigo galvanizado se encantou com as pequenas porções deste que fora descrito, muito embora a própria dona não perceba o quão sortuda é, por ter um coração tão bom. Ele realmente adoraria a experiência de tê-lo.

O espantalho curioso, pensou que algo em minha descrição também poderia lhe ser útil. Ficou quietinho ao lado do seu amigo e pôs-se a ouvir.
Segurança para Lívia, é a busca pelo incerto.
Assim ela se sente viva!
Embora o que ela chame de loucura, eu entenda por coragem,
O que muitos entendem por dificuldade, Lívia lê como desafio.
Sua mente não sinaliza distância e seus meridianos são inquietos.
Deve ser por isso seu cheiro de rosa dos ventos, com pontos cardeais que levam a qualquer lugar ou parte alguma.
Pela sofisticada capacidade de assimilação, há quem diga que é nova.
Nova? Lívia é milenar...
Possui rugas e cicatrizes internas que o paradoxo da sua idade não revela,
A não ser pelo paladar completamente infantil e divertido.
Com demasiadas curiosidades, sua cultura é livre de pudores. Geralmente em dúvida ou abstendo-se de opiniões enfáticas, o que ela nomearia de indecisão, eu chamaria de inteligência, pois há sempre de analisar mais de um ponto de vista.
O espantalho, extasiado com os fragmentos, interrompeu-me perguntando de que forma ele poderia ter um cérebro como esse. Sorri, porque apenas descrevera o que Lívia tem de sobra.

O leão medroso levantara as orelhas, pois algo parecia que ali encontraria algum exemplo de coragem. Sim, coragem é o multiplicador de Lívia em suas façanhas.
Não se arrepende de nada, mas isso não quer dizer que se orgulhe de tudo. É uma pessoa equilibrada.
Com plena consciência de sua intensidade, ela sabe que paga-se um preço por isso, que às vezes é bom às vezes é ruim. Mas tudo faz parte das páginas de histórias que há de se contar, ainda bem, não são felizes todos os dias.
Adepta da linguagem das bocas mudas, não tem necessidade de chamar atenção. O que ofusca mesmo em si é a luz mágica de seus avessos. Esses que não são visíveis, palpáveis, não possuem posição social e sequer tem coisas sobrando.
Dando vazão às inquietudes, seu destino não é acalmar temporais, mas estar no meio deles, de preferência, ouvindo música clássica, sentindo o vento ceder aos arroubos do clima.
Sua linha não existe certo, pois sinaliza o não dito, também o não vivido, o impreciso e o que ainda não conhece.

“Eu quero, eu quero!” Diziam homem de lata, espantalho e leão ao me pressionarem por encontrar tudo o que o conto de fadas havia tirado deles. Lívia tinha bom coração, cérebro e ainda por cima, coragem.

- EU QUERO (Acorda), em que planeta tu estás?
- Hã? Respondi voltando do meu transe...
- Eu quero mais uma cerveja.
Lá estava Lívia, à minha frente sentada em uma mesa de bar, consumindo, cerveja, cigarros e blues. Eu sorri, balancei a cabeça e pedi mais uma.

Acho que jamais conseguirei juntar essas peças e sinceramente? Nem quero.
Sempre amei os mosaicos, pois são feitos de alma.

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Mosquito da esperança



07:30 - Terminal de ônibus do Mercado Público:

- Ouvi dizer que 2011 vai ser muito melhor que 2010.
- É mesmo meu véio? 2010 foi tão bão pra gente!
- É. mais vai ser melhor ainda.
- Que bom.

Ruborizei pela minha invasão de privacidade ao ouvir
a conversa de um casal de mendigos no ponto.

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Coleção



Comtemplar
Texturizar-se
Saborear
Envolver-se
Perceber
Captar
Sensibilizar-se

Experimente a magia!Colecione sentidos!
Descubra-se e sinta!
....de todas as formas possíveis.


Não faz sentido ter sentidos que não fazem sentido.

sábado, 11 de dezembro de 2010

Crônica de Natal

Mês do caos!
Época em que a confusão toma conta da cidade.
Os ônibus são lotados? Quem dera, porque nesta época, há de se disputar inclusive lugares nas filas do ponto.
Todo ano é a mesma coisa. As lojas já não tem mais espaço e folhas para imprimir o tal carnê de parcelas. A impressão que tenho é que as pessoas enlouquecem por causa das tais festividades. O corre-corre nas ruas indica que a época é boa, para vender, para gastar, inclusive, para fugir dos ladrões! Não só os de sempre, mas os que ganham o indulto de natal.
O sentido do natal? Bem, como tudo é democrático, logo, para cada um há de se ter uma razão para comemorar. "Natal é festa, dia de tirar a louça de porcelana do armário, afinal as visitas podem reparar".

Não quero ser crítica demais, tampouco, fazer-me enredo de demagogias espirituais.
Se és cético: Não aloge sua vida programando dia certo para comemorar e presentear. Se és religioso: Não concentre a atenção somente na data especial para agradecer.
Jamais esqueça de que: "Há um tempo certo para poder brilhar, iluminar e crescer.
Esse tempo é qualquer tempo,em que estejas presente e reconhecido do que és,
do que podes, do que tens a fazer, por si e pelos outros."

Depois disso, seria vão e mesma coisa eu desejar à todos "Feliz Natal".
Portanto, sugiro que as fotos do natal 2010 tenham sorrisos diferentes,
pois do fundo do coração, desejo que seu Natal faça sentido!

sábado, 4 de dezembro de 2010

Crônica de Ano Novo



Mil simpatias a espera de um milhão de milagres.
Veste-se branco para paz, amarelo para dinheiro,
verde para não-sei-o quê, e eu fico a me perguntar:
Qual será a cor de dentro? Que cor a alma está vestindo?
Essa alma que algo errado deve de ter, para esperar uma data especial
para ter esperança de mudar, de agir, de buscar.
Faz-se lista de resoluções para o próximo ano!
Geralmente, sonhos empurrados com a barriga para um tempo seguinte, por pura preguiça de batalha.
FÉ? sim. A fé move montanhas meu caro, se você estiver rezando e empurrando a montanha.

Um minuto de silêncio. Analise seu ano até agora.
Você consegue definir seu sonho? Pense.
Enquanto isso, sugiro que descubras o "novo", do tal ano novo.
Por exemplo, será que tudo que nós cobramos, nós somos capazes de oferecer?
Tudo pode começar a mudar agora mesmo.

Comecemos olhando para o passado recente... o que foi feito deste ano?
Você fez sentido?
Sorriu com alguém? Descobriu algo novo? Trabalhou até cansar? Abraçou efusivamente?
Olhou-se no espelho? Programou uma viagem?
Se a maior parte das respostas foi um sonoro "não", então está explicado!
Um ano novo não começa para quem não é capaz de se fazer NOVO.
Óbvio que também, nem tudo são flores. Certamente adquiriram-se contas, tiveram-se aporrirações, momentos de desespero, entre tantos outros aborrecimentos...
Mas o que a maioria encara como problema, eu chamo de vida...afinal, antes de encantar-se com o fim da viagem, deve-se curtir a estrada e seus contornos.

Volte a olhar para frente agora. Que de hoje em diante, a gente converse mais, comece a falar alto, baixo, lenta ou rapidamente. Que tenhamos noção de que ouvir é essencial.
Mas antes, é preciso dizer que se hoje somos adultos, antes disso, somos humanos e precisamos de certas doses de aventura sadia para que tudo faça sentido.
De resto, sobram as contas, as dores, as mágoas e os afazeres domésticos.
Chegou a hora de sorrir mais, escutar mais! Leia mais e escreva, escreva muito.
Um dia seus filhos vão ler e terão orgulho de tudo isso.

A propósito: Conseguiu definir seu sonho?
Já sabe o que quer fazer no próximo final de semana?
Então, se o seu sonho é ir a Amsterdam e declamar um poema em uma ponte, o que você está esperando que ainda não aprendeu a decorar. Ou se sonhas em ir a Fernando de Noronha mergulhar com os golfinhos, corra! Ainda há tempo para aprender a mergulhar.
Não existe "se der", existe apenas "já foi!"

Esqueça de que "ser feliz" é esperança! Deixe as fitinhas, os desejos e as "mandingas" em segundo plano e projete-se. A partir de agora "viver" plenamente
deixa de ser um sonho e passa a ser, a nossa pele.
Jean-Paul Sartre já dizia que “o homem nada mais é do que aquilo que ele faz de si mesmo”.

Realizemos nossos sonhos!
Mostremos nossa garra!
Encare a vida com criatividade, sinergia e intensidade!
Mude,aconteça, seja! Seja o que bem entender.
JAMAIS VOCÊ IRÁ SE RECUPERAR DE UM ANO EM QUE SUA VIDA FEZ SENTIDO!
Se tudo muda a todo momento, um ano novo pode-se começar agora mesmo.
CORRA, restam 25 dias para se fazer melhor!

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Um outro olhar

Foto: Lívia Auler

A materialização do ‘ver para crer’. Isto é fotografia; um conjunto visual complexo de uma materialização dos cinco sentidos humanos alinhados à técnica, ambiente e espaço. No entanto, há de se preocupar com as responsabilidades que acompanham qualquer imagem, bem como sua credibilidade e contexto, pois o profissional tem em suas mãos, não apenas um retrato, mas um documento, uma história, um mundo de fatos e de vidas que podem expressar-se unicamente com um “clique”.

Sabe-se que uma imagem pode ter diferentes interpretações, e esta é uma das grandes magias para o profissional que espera representá-la. Um jogo de intenções, representada a partir do que é real, toda foto exibe um contexto semiótico a ser decifrado. Existe representatividade, mensagens dotadas de significados intrínsecos a espera de sua decodificação.

Por tudo o que a imagem pode representar é preciso, primeiramente, altas doses de responsabilidade do fotógrafo. Um documento, uma prova criminal, uma figura decorativa, seja o que for, é preciso que a imagem convença quem a contempla. O transmissor da imagem que decidirá o espaço e o tempo, o tema que irá retratar, e o contexto ao qual vai se referir. Tamanha pode ser sua verdade, a foto aproxima e afasta pessoas, conquista clientes na propaganda, elege candidatos na política, entre outros fatores da rotina das pessoas. Ela servirá desde decoração para uma casa, como uma prova criminal. Por isso atente-se: ‘Foto sem contexto, vira pretexto!’.

Gerando manipulação ou somente como peça visual, o profissional é o que dará o embasamento estético, alinhado ao conjunto de técnicas que lhe for necessário para dar movimento e realidade à foto, criando situações de conotação cultural e temática, aplicando a intensidade necessária para extrair emoções através de uma imagem estética. Afinal, quem disse que é preciso ter movimento para se ter vida?

Sim, a fotografia é o exemplo nítido que se cria um caos em um instante, através de uma simples máquina. Há quem diga que as máquinas substituirão os homens; talvez um dia até pensem, mas jamais terão sonhos, já que estes são representados perfeitamente pelo ser humano, que acima de tudo é um artista, transformando um simples ‘clique’ em uma obra de arte.