quinta-feira, 28 de abril de 2011

Trocas

Desde que troquei asas por pés,
sinto saudades do céu.

domingo, 24 de abril de 2011

Aos poucos

Cada vez que quero sumir,
eu morro.
Aos poucos, aos prantos.

O corpo é cheio de processos.
Os que se sabe,
e os que insistem anonimato.

Desperto novas sensações no ser
para tentar o fim do labirinto,
de onde sequer entendo os meados.

E acabo por pensar que
quem morreu,
apenas se adiantou em relação à mim.

Íntimo

Ando numas de
abrir ao contrário e
expressar ao avesso.

Não sei se me mato
ou se nego o fato.

Não entendo mais
se é coragem ou covardia.
Essa quietude que fere e interfere,
seja lá o que for é demasia.

Na ânsia de gritar,
estico frases para tentar
desconhecer que é
totalmente desnecessário
demonstrar para dentro.

Coelhos

Era espertinha.
Em dias de páscoa acordava antes do sol para esperá-los.
Adorava negociar com eles. Trocava sorriso por chocolate, boa educação valiam pirulitos,
e fama de boa menina, rendiam ovos de marzipã.
Na ansiedade de procurar guloseimas, encontrava diversão, atropelava carinhos, tramava doces.

Hoje acordo antes do sol, talvez por não ter dormido.
Sorriso não conquistam negócios, boa educação não vale nada além de obrigação.
E fama de boa menina...para que serve mesmo?
Hoje, contemplo quartos vazios e espaços vagos de silêncio.
Não sou mais espertinha.

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Fluxo-me

Ando-me
Disfarçada de vento
não por depressão, mas distração.

Corro-me
Das várias que sou
para ver se encontro
outra de mim numa esquina qualquer.

Nada me foi tirado, foi libertado!

Por isso vôo-me.
Para entender que do útero ao túmulo
serei tantas quantas eu for capaz de inventar.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Estação


Não chega ao fim a fase de culto aos seus ocos.
Ela vive reflexos de dolorosos silêncios.
Sentindo que,
no momento em que tudo parece estar vivo,
É que percebe com clareza que morreu.

Morreu ou tinha frio. E o que isso tem de mais?
Muitos sobrevivem ao outono.

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Canso e Descanso


Às vezes me questiono
Quanto eu ainda terei que dispender de vida 
para realizar.
Canso.

Me pergunto e não respondo,
não tenho foco, eu tenho fases, 
frases eficazes.
Descanso

E a vida que vou doando
para aquilo que pode
ser ou não ser
coincidência x casualidade.
Canso.

Tudo bem.
Nada tem importância maior que
aquela que atribuímos.
Descanso.

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Afugentando Solidão

Cinco...
Quatro...
Três...
Dois...

Cinco de novo.

sábado, 9 de abril de 2011

X da questão

O que é para ser livre pode se prender?
Qual o sentido de precipício senão à queda?
E do punhal senão o peito?
Existe o além? o infinito? o eterno?

O êxito mora na essência da pergunta.
Preferível parecer incrédulo, cético
do que deveras insosso.

Quem é interessante, geralmente é inconstante.
E sabe que o mundo não é como se quer
mas como se merece ou se aceita.

Quem é interessante, é mutável,
E aprendeu que jamais conseguirá
responder com exatidão qualquer
X da questão.

Soul


Alma:

Passageiro especial, livre
para transporte.

Somando experiências,
vai onde quiser.
Sente as frações de segundos.

Abusa do ser.
Integra e desintegra.
Faz e desfaz.
Opiniões, conceitos
e prés.

Intensa,
Única que pode ser capaz de afirmar,
que em algum lugar, ali dentro,
mora alguém especial