quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Dona Sá


Sentada na varanda em sua cadeira de balanço, Dona Sá faz seu tricô sem pressa.
Ou seria crochê? Ah, eu não entendo essas coisas.
- Pois deveria entender, aprender faz bem. Resmunga Dona Sá.
Impressionante como a velha senhora sabe de tudo. Sempre com uma resposta, ela parece realmente entender das coisas.

- Quando chegará o dia?
- Nada vem antes minha filha....
Interrompendo as palavras fui logo perguntando:
- Por que nunca chega o que eu espero?
- Nada vem antes minha filha... Nem mesmo deixei Dona Sá terminar de falar, fui logo gritando:
- Chega! Como assim, nada vem antes? Ora!
Ela proclama a frase com uma ousadia tal qual uma oração. Isso me parece frase pronta. E eu nem sei por que parei para escutar as sandices da Dona Sá.

Saio portão afora, afoita, com agonia e pressa de quem tem uma vida pela frente. Irritação de quem não acredita no tempo, nos prazos... em nada. Como criança que quer as coisas sem saber como, nem quando e nem porquê. Fui às lágrimas por não entender o que a velha senhora quer dizer.

Enquanto isso, Dona Sá assiste àquela cena de longe e na mesma serenidade de sempre ajeita os óculos falando baixinho:
- Não se preocupe minha filha, nada vem antes... e NEM DEPOIS.

Do outro lado da rua, lá estou pensando quem seria Dona Sá...´
Velha senhora que todos conhecem, nem sempre respeitam; Mas está sempre lá, em sua cadeira de balanço, pronta para dividir seus ditos, quer você queira ou não ouvir.
Por nome de batismo Sabedoria, prefere simplesmente ser chamada de Dona sá, para que bobos como eu não se assustem com sua presença.


Um salve à Joana Heck *.*

2 comentários:

Lívia Auler disse...

ótima lição.......

Fer disse...

*____*