quinta-feira, 27 de maio de 2010

Imperfeição


Esteja onde estiver,
Serei para o que vim.
Talvez não seja o suficiente,
E se não for,
Desculpe-me.
Eu também desaconteço!

domingo, 23 de maio de 2010

Meu Shopping Particular

Hoje me fiz uma surpresa! Saí de dentro de mim e me levei para passear.
Me peguei pela mão, mostrando meu shopping particular. Sustos, risos, antiguidades, modernidades e quinquilharias, entre outros tantos não menos importantes.
A primeira loja que vi foi a de roupas, os famosos esteriótipos. Me preocupo com os criados a meu respeito. As pessoas desenham modelitos, que na inocência de não sabermos como agir, acabamos passando pelo infortúnio de vestir aquela "roupagem", para jamais decepcionar a predisposição das pessoas em acreditar que nos conhecem. Saí a passos largos desta loja, pensando que o privilégio da vida é ser simplesmente aquilo que nascemos para ser.
Olhando ao redor, avistei muitas pessoas andando em meu shopping. Pessoas que amo, as que eu engulo, as que me ofendem, as que me surpreendem, as que me encantam e as que não estão nem aí para mim. Todas passeavam, estava lotado de gente.
A joalheria como sempre, praticamente vazia, afinal são bem poucas as jóias em minha vida, limito-me a dizer que as peças mais caras são bem poucas e de um design único, incrível e insubstituível.
A loja de brinquedos foi a mais divertida. Vi todos os meus sonhos, os planos reais e metas nada funcionais. Dei risada quando avistei um balaio em liquidação, de sonhos que caíram em desuso: "Patinadora profissional - 1,99", "Jogadora de Futebol -3,99", "Casamento em Trancoso - 15,99". Fiquei por um longo tempo em frente à prateleira de vidro, olhando para os três grandes sonhos. O sorriso fica largo só de pensar que um dia posso estar com algum destes três brinquedões. Desta loja saí consciente de que dinheiro não é prioridade, pois não me permite comprar nenhum destes sonhos.
Entrei na loja de doces, ela é a perfeita imensidão dos meus desejos. Coloquei todos que mais gosto num saquinho de papel: O elogio com cobertura (acho um encanto ouvir um elogio sem ter perguntado), abraço de amendoim, beijo gelado, carinho light... Quem não gosta de doces, não é verdade?
Hora de voltar para mim novamente, gosto de dar essas voltas vez que outra. Sei bem que para a vida não há ensaio ou rascunhos, mas tem tantas novas chances, por isso dou meu atestado de tudo e nada!
Meu shopping está aberto a público, mas eu não me preocupo tanto com o que acham dele. Quem geralmente "acha", não sabe ver a beleza dos meus avessos, que nem sempre eu revelo em uma vitrine qualquer.

terça-feira, 11 de maio de 2010

De repente 30!

Inúmeras são as definições para as mulheres de 30 anos.
Pois bem. 11 de maio de 2010: 00:20. Acabo de completar o tal dos 30.
Agora, me sinto em posição de saber se tudo isso é verdade ou mito.
“o que você vai ser quando crescer?”. Sou o que queria,
Talvez com menos grana, mas não menos feliz.
Dizem que as mulheres de 30 são mais diretas e honestas: Verdade!
Também dizem que mulheres de 30 já não se importam mais com o que você pensa: Mito.
A verdade é que aprendi que sou do jeito que desejo ser. Hoje, mais autêntica e muito menos complicada do que ontem.
Sou mais responsável do que antes, porém menos dramática.
Oportunamente também percebi que posso me tornar o que eu quiser, da forma como achar que devo. Sinceramente, não me considero mais forte, melhor ou pior.
Me sinto diferente,como se levasse uma mala comigo. Dentro dela estão: o olhar dos meus 5 anos, a curiosidade dos 10, intensidade dos 15, o humor dos 20 e as entrelinhas dos 25.
Estou entrando em uma nova fase, onde devo ir e ver, aprender e fazer, mas como sempre, voltar e dizer que aprendi!
Afinal, minha natureza é uma só, sou feita de essência, e nessa minha alquimia há somente simplicidade, respeito e amor, o resto é mutante, como tudo nesta vida...

domingo, 9 de maio de 2010

Feliz Dia das Mães!



O mundo que eu vivo foi um mundo criado para mim. Eu fico muito feliz em saber que alguém se preocupou em criar este lugar. Neste lugar que chamo de Lar e essa preocupação que chamo de mãe, atribuo a minha sensibilidade à vida e criação que tive. Não satisfeita em ensinar a vida, ela insiste em me ensinar a vivê-la, de forma íntegra,oferecendo seu amor incondicional. Sua criação, juntamente com seu sexto sentido que não faz sentido, fez e faz de mim a filha mais feliz do mundo, por ter a oportunidade de chamá-la de mãe!

Abro espaço para o abraço apertado que eu gostaria de te dar nesse dia!

FELIZ DIA DAS MÃES!

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Minha Mãe é Ruim!

Continuação da série: Presente de dia das mães.

Lembrei-me agora de quando minha mãe brigava comigo. Eu, não revidava ou discutia, mas vez que outra saía baixinha a minha voz embargada entre lágrimas: “como você é ruim” e minha mãe respondia: “é sou bem ruim mesmo”.
Agora que eu cresci, analisando todas as atitudes da minha mãe, pude comprovar.
Um dia resolvi ser desenhista, mamãe me deu lápis, caneta e pincel.
Uma vez resolvi fazer patinação, minha mãe vibrava na platéia aplaudindo.
Resolvi aprender música, minha mãe comprou um violão.
Apareci com a novidade que seria jogadora de futebol, e lá estava minha mãe na sala de espera hospital após um campeonato.
Resolvi cortar todas as minhas camisetas e curtir heavy metal a todo volume, mamãe me deu um fone de ouvido de presente.
Nunca poupara esforços para melhorar-me como pessoa, seja por dentro ou por fora.
Não só investiu em botinas de pé torto, mas me mostrou que não importava o caminho que seguisse, desde que não fizesse mal a ninguém.
Não só mandara colocar aparelho em meus dentes, mas me ensinou a sorrir, sendo gentil e amável com as pessoas.
Não só comprou óculos, mas me ensinou a ver o lado bom das coisas.
Não só investiu em plástica, mas a tranformação foi me fazer uma adulta independente.
Respeita quem eu sou, mesmo eu tendo minhas diferenças. Preocupa-se mais comigo do que com os vizinhos. Me ouve quando eu quero falar e silencia quando prefiro calar.
Me vê como filha, me trata como adolescente, se preocupa como criança e me ama como bebê.
Mamãe, agora que eu cresci, sou adulta, honesta e educada, percebo que se o mundo está como está hoje, é porque não há suficientes mães “ruins” como você. E se um dia eu tiver uma filha, farei o possível para ser a ela tão “ruim” como você foi comigo.
Pessoa em cujas opiniões sou viciada, atribuo todos meus sucessos nesta vida ao ensino moral, intelectual e físico que recebi de ti.
Um presente não é tudo e muito obrigada seria pouco!

quinta-feira, 6 de maio de 2010

Minha Adolescência, Mamãe e Seus Post-It


Continuação da série: presente de dia das mães!

Lá estava minha mãe, sentada tomando um café com a dona da loja chique de aluguéis de roupas. Do outro lado: eu, morrendo de vergonha, sem muita coragem para sair daquele provador. Ia fazer 15 anos. Suspirei fundo, olhei a cortina e abri de uma vez. Mamãe arregalou os olhos, me olhou, fez dez segundos de silêncio e... Caiu na gargalhada! Sim, eu estava parecendo uma obra de Salvador Dali naquele vestido. (eu de vestido?) Sentei e rimos juntas. Mamãe riria mais ainda se conseguisse prever que eu escorregaria no momento da valsa, com o salto alto que me fizera colocar. Minha adolescência foi assim. Éramos parceiras!

Mamãe trabalhava e estudava, mas não pense que por isso se fazia menos presente em minha vida. Ela deixou um substituto para me cuidar: Os seus Post-its.

Não sei de onde arranjara tantos blocos de papel, mas eram toneladas deles por semana, como uma boa mãe zelosa. Não existia dia sem bilhete, assim como minha mãe sem os seus post-it.

Acordava pela manhã e ia correndo até a mesa, checar qual seria as instruções para o dia. Os bilhetes eram os mais variados possíveis como: comprar ovos, não esquecer o remédio, desejando boa sorte ou pedindo para ver minha última prova de matemática. Como boa filha, eu respondia aos bilhetes, algumas vezes tendo que contar as minhas trapalhadas: “mamãe, hoje eu fiquei trancada do lado de fora”.

No dia seguinte ao ocorrido, não havia bilhete e sim, um cartaz gigante, escrito com caneta hidrocor em uma folha que arrancara de sua agenda: “Ig, pegue a chave antes de bater a porta”.

Mamãe jamais fora controladora, desde sempre estabeleceu uma relação de confiança. Nada me fora negado, sob a perspectiva de que eu estudasse. Ela sabia como lidar comigo: Para os assuntos chatos da adolescência que eu morreria de vergonha, me daria livros. Os anos foram passando e os bilhetes continuavam intactos, sempre equilibrando grandes doses de compreensão aos meus problemas juvenis, com seu apoio maternal.

Cada vez que lembrava dos bilhetes,me sentiria mais segura. Aos 16 anos, já na faculdade me alcançaram um papelzinho, que dizia mais ou menos assim: “Anda logo com essa prova que eu quero ir embora”. Olhei para frente e quem eu vi? Sim! minha mãe era minha colega de faculdade. Caímos na risada novamente.

De tanto escrevermos, nossa relação ficou diferente do tradicional (sempre disse que era incomum), uma caneta e um papel era como se fosse uma voz e um olhar. Hoje temos e-mails, que diariamente são trocados, não tão artesanais como os bilhetes, mas com a mesma intensidade dos laços.

Mas existem coisas que permanecem intactas, como a agenda do celular da minha mãe. Pergunte a ela onde guarda seus telefones, ela carinhosamente tirará um punhado da bolsa, tudo anotado em folhas de post-it.

Acredito que daria um livro, todas as folhinhas por ela escritas. Com muita sorte talvez ainda encontre por aqui um ou outro destes bilhetes, que em dias me impulsionava a vencer, em outros segurava meus arroubos.

De tanto escrever, minha mãe desenvolveu aqui um “monstro” apaixonado pelas palavras. Não haveria melhor jeito de agradecer minha adolescência se não, desta forma.

Acredite mamãe! Se hoje te dedico esta crônica, é porque um dia você teve a simples idéia de escrever em um post-it: “Ig! não se esqueça de comprar pão, beijos mamãe”.

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Minha Infância e outras Profissões de minha Mãe

Esta semana, uma série de crônicas de presente de dia das mães.


2 anos de idade– 7:00h: “Mamãe: Hoje eu tô que tô!”.
Minha mãe sabia que o dia não seria fácil quando se deparava com aquela cena: Eu, em pé no berço, sorriso largo e dando prévias de que acordara disposta a extravasar. (Hoje é dia! pensava ela, suspirando fundo e rindo internamente das graças que eu fazia). Geralmente estes dias exigiam atenção redobrada, o que não amedrontava minha mãe, pois conhecendo sua cria, havia feito curso de primeiros-socorros no corpo de bombeiros.
Mas por mais que fizesse, exercitava sua paciência de psicóloga, pois sempre haveria surpresas: ou de me encontrar escalando paredes da casa, espalhando farinha de trigo no chão recém encerado ou correndo atrás dos cachorros com martelo de bife. Heroicamente mamãe vencia esses dias e, ao final da noite, sempre com a mesma doçura alcançava-me caixinhas para amassar enquanto contava-me histórias, mostrando-me as letras, como uma boa professora. Assim eu adormecia, ouvindo os passinhos pela casa, devagar como se celebrassem o momento oportuno de sossego.
Astuta como uma projetista, mamãe estava sempre a bolar planos infalíveis de como me fazer sossegar enquanto preparava o jantar. Para uma criança inquieta, uma mãe inteligente!
Jamais me mandara calar a boca, tampouco interrompera meus rompantes de perguntas sem fim, mamãe era política.
O jeito era traçar planos diários para ocupar meu tempo o suficiente para que conseguisse terminar suas tarefas. Propunha-me desafios, me fazia analisar milhos de pipoca em cima do fogão à lenha (acredite: demorava horas para estourar!), ou ainda, me faria estudar a fundo um livrinho de história, me comprando com a idéia de que teria outro livro no dia seguinte e de fato, ela me dava. Ninguém fazia um marketing melhor do que ela.
Com bravura, serenidade, paciência e bom humor fora me criando de forma a não supervalorizar meus erros, nunca me dando broncas em público. Sabia gerenciar. Tratava-me como criança, mas nunca como débil mental, conversava de forma a facilitar meu entendimento de criança.
Graças à minha mãe artista, eu tive uma infância ingênua e bem vivida, rica em histórias, encantos, papai Noel, coelho da páscoa, homem do saco, fadas e duendes.
Como uma boa química, agradeço por ter dosado os mimos sem exageros, por me educar para o bem e jamais ter me deixado ser uma criança egoísta pelo fato de ser filha única. Se hoje tenho um coração bom, foi pelos seus dotes de médica, que soube cuidá-lo através do amor a mim dedicado.
Se perguntasse a ela qual profissão exercida durante minha infância, certamente ela diria: Socorrista, bombeira, publicitária, cientista, mágica, astronauta, cantora...
Não acreditas?
Bem, eu experimentei simplesmente chamá-la de mamãe. E ela se transformou no que foi preciso para me fazer feliz.
E o fez.

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Dane-se o Ideal

"par ideal", "primeiro encontro ideal", "pessoa ideal", "ideal de vida", "isso não é ideal".
Afinal, que raio de palavra é essa que ousa, como se fosse absoluta no reino das pessoas?
As vezes sou como criança na idade dos por quês: Por que é ideal? Por que não é ideal?
Sejamos práticos. Por mim, dane-se o Ideal!
Quem sabe o melhor para uma vida não seja bom para outra.
O que julga-se ótimo hoje, também amanhã pode não ser.
O ideal seria se apaixonar pela pessoa certa, mas existe pessoa certa?
O ideal seria que sempre tivéssemos certeza de tudo. E o ser humano consegue ser previsível assim?
A mim mesma pergunto e não atino. Logo, não entendo esta palavra. E por não ser capaz de entendê-la, passa a ser quase imperceptível a mim.
Ideal soa arrogante, efusivo, mapeado, entre outras coisas não menos pretensiosas.
Cultivo um amor implícito pelo aparentemente sem forma, tenho um olhar especial pelo que não parece perfeito e certamente me sentirei atraída pelo incomum.
Ainda hoje respeito muito quem toma opções diferentes, quem tem mais dificuldades para levar a vida ou simplesmente quem ousa ser o que é.
Se tivesse este poder, substituiria em cada dicionário a palavra "ideal" por "experimente ser feliz".
É uma questão de gosto!

sábado, 1 de maio de 2010

Rótulos (Etiquetando gente)

O ser humano e sua mania de fazer associações.
No auge de sua pretensão, com a desculpa da bendita opinião própria, sentem imensa necessidade de engavetar gente. Talvez para se sentir no controle, classificam pessoas, sob as mais absurdas e imaginárias perspectivas que possam existir. A cada dia cria-se um rótulo novo, me parece que juntam pessoas em bolos e classificam, como se tudo pudesse ser mapeado.
Rotula-se negro de pobre, homossexuais de pervertidos, deficientes físicos de incapazes, rotula-se feio, bonito, gordo, magro...e por aí vai.
Eu uso dreads! Perdi as contas de quantas vezes me ofereceram maconha, simplesmente pela minha aparência. Coincidência? Não. Rótulo! Me reservo o direito de não ter que explicar meu estilo, mas também fico profundamente embasbacada pelos inúmeros "processos de seleção" aos quais passamos diariamente, caminhando na rua por exemplo. Não somos obrigados a carregar uma placa que nos defina, tampouco os outros nos conhecerem apenas com simples olhares. Mas cá entre nós? Nem tudo nos convém! E uma dessas coisas é julgar pela aparência.
Certamente este é o caminho mais curto para a decepção. Pois, quanto mais tentam definir pessoas, menos atenderão às suas expectativas, inúteis pré-requisitos. Lembre-se que rótulo foi desenvolvido para produtos. Ele é superficial, generalista, frio, estático. Ou seja, lute sempre contra a tendência de tratar as pessoas como "coisas".
Apesar parecidos, cada ser humano é único, próprio e certamente insubstituível, inseridos dentro de um universo que chamamos de vida. Então tome muito cuidado meu amigo! Pois, por trás de um rótulo que você pode estar pretensiosamente carimbando, existem pessoas, que amam, vibram, riem, choram, que tem planos, sonhos e uma história.
Você é do tipo que seleciona pessoas para suas vitrines imaginárias?
Desculpe, eu sou do tipo que não nasci para ser estampa de uma caixa de sucrilhos!